Autor: Vitor Ramil
Editora: Cosac Naify
Ano: 2014
Páginas: 192
Gênero: Ficção literatura brasileira

Resenha por: Leila
Nota: ★★★ + 



Um livro que começa com um ponto final que quase vai para o beleléu promete! Atropelado por uma desgovernada palavra-caminhão, o indefeso sinalzinho gráfico detona uma revolução garrafal que envolve vogais intrusivas, rimas pobres e ricas, tremas desempregadas, vírgulas incongruentes, asteriscos assanhados e toda sorte de tipos em revolta. Uma rainha megera, um rei deprimido, uma peruca vomitada, uma rã, um infiltrado Agente da Passiva, um maligno Homúnculo (o Grande), um repórter sensacionalista, um regente confuso, um simpático cão Superlativo e um misterioso pó amarelo que ameaça a coesão do universo linguístico são alguns dos participantes deste romance fabuloso, de imaginação desabalada, que lembra
ao mesmo tempo o mundo surpreendente de Alice e as manifestações de rua de junho de 2013. Um livro que, de um ponto a outro, mata de rir com o quiproquó que tumultua o Reino de Ponto Alegre, território de nossa doidivanas Língua Portuguesa. Natércia Pontes.

O autor é muito inteligente , brinca com as palavras e suas funções ou significados, envolvendo-as e envolvendo-nos numa história que podemos associar com a nossa história!
Tudo começa em Ponto Alegre com um ponto que é atropelado e mais tarde é adotado pelo atropelador e sua esposa. Este ponto, na verdade é salvo por esta família. Como um adolescente rebelde, deixa seu cabelo crescer, o que faz com que alguns o confundam com um asterisco! 
O livro é todo cheio destas brincadeiras e é preciso estar atento para não perder a piada...
Este atropelamento gera uma uma revolução, que lembra muito as manifestações de rua de junho de 2013. Os pontos alegam que são mal empregados ou perderam seu emprego. As tremas, por exemplo, estão sofrendo, pois ficam se inclinando para tentar um emprego como dois pontos... As exclamações, ao contrário, reclamam que vêm sendo empregadas em excesso, o que as desvaloriza. As reticências também se queixam pelo mesmo motivo! Era necessário manter a ordem em Ponto Alegre e, como o rei não tinha voz ativa, a polícia chamou o Agente da Passiva, além de um enorme contingente de guarda-livros. O Caminhão acompanhando as notícias na TV fica muito nervoso: "Acho que atropelei o Sumo Pontífice!". Outros grupos se aproveitam da situação: " Atacaremos negritos e itálicos, para fomentar o ódio racial e a xenofobia!".
O Caminhão acaba abrindo a Igreja do Caminho e vira um pastor. Acontecem alguns atentados, o rei começa a "abrir os olhos". Não vou contar mais nada para não acabar com o prazer da sua leitura!
Romance, traição, política, ética, religião e racismo são temas encontrados aqui, escritos de uma forma surpreendente e engraçada, brincando com as palavras, suas funções ou significados, tudo nascido das conversas de Vitor Ramil com seus familiares na ESMNC, Escola Superior da Mesa da Nossa Casa, durante as refeições. Confesso que precisei consultar o "Índice Remisso" e as "Incitadoras Citações", além do "Glosação" para tentar acompanhar a inteligência com a qual foi escrita esta história! Penso que os professores de Português, em especial, não poderiam deixar de lê-lo! 








Deixe um comentário

Poste seu comentário!