Autor: Victoria Aveyard
Editora: Seguinte
Ano: 2015
Páginas: 424
Gênero: Ficção Fantástica
Resenha por: Leila
Nota:★★★ + 


O povo de Norta não conhece a paz. Seus habitantes de sangue vermelho estão acostumados a trabalhar para sustentar a elite prateada e a guerra que ela empreende contra os reinos vizinhos há muitos anos. Os prateados, por sua vez, são os únicos beneficiários do conforto da capital, aproveitando-se dos recursos gerados pelo trabalho vermelho e raramente dando as caras na linha de combate. Isso porque, ao contrário das pessoas comuns, eles têm poderes especiais - como manipular o fogo, controlar o clima e ler a mente dos outros. Mare Barrow pertence a uma família vermelha que vive em Palafitas, um vilarejo muito pobre. Ao contrário de sua irmã, que aprendeu o ofício de costureira, Mare passa os dias roubando para ajudar a família; assim, por não ter uma ocupação, quando completar dezoito anos será mandada para servir o Exército. As chances de sair viva dali são mínimas, então ela passa os dias tentando encontrar um jeito de evitar esse destino. A ajuda vem de um lugar inesperado: um encontro casual com um jovem misterioso garante a Mare um emprego como criada no palácio de verão do rei. E logo no primeiro dia ela tem de trabalhar na Prova Real, evento em que jovens prateadas representantes das Grandes Casas nobres demonstram seus poderes para serem escolhidas como próxima princesa. No meio do evento, porém Mare sofre um acidente e o que a salva é um poder que jamais imaginou possuir - afinal, seu sangue é vermelho. Para ocultar essa impossibilidade, o rei a obriga a assumir o papel de uma nobre prateada de uma Casa extinta. Antes presa à sua condição miserável, agora Mare está atada às intrigas da realeza e vai conhecer os dois príncipes, cujas personalidades não poderiam ser mais diferentes. Um é o herdeiro perfeito, decidido e comprometido com suas obrigações; o outro sempre fica nas sombras, tímido e reservado. Mas, como todos ali, os dois jovens escondem seus próprios segredos...
Confesso que quando comecei a ler este livro, não esperava muito dele, mas acabei me surpreendendo.
Sim, é um livro de ficção, mas ao falar sobre os nobres, de sangue prata, dotados de poderes especiais e do povo, de sangue vermelho, dominado e explorado, pelos nobres, não pude deixar de refletir e traçar alguns paralelos com a história real...
E é claro, sempre haverá alguém que se ergue contra a dominação, contra a exploração. Numa relação assim, sempre haverá rebeldes, que questionam, que lutam e se organizam.
Mas, voltando ao livro, essa é uma história envolvente, que mostra Mare, uma garota comum, que vive com dificuldades e, por não ter aprendido nenhuma ocupação, às vezes acaba roubando por necessidade. Por sorte consegue um emprego de criada no palácio, o que a deixa muito aliviada, pois quem não tem uma ocupação ao completar 18 anos, precisa servir ao exército e como seu reino está numa constante luta, isso representa a morte ou um retorno muito doloroso...
No entanto, no seu primeiro dia de trabalho, Mare é surpreendida e surpreende, quando, para escapar de um acidente que a levaria à morte, ela usa poderes especiais, que não sabia possuir! Nunca havia pensado que uma pessoa comum, de sangue vermelho, pudesse ter poderes especiais! A partir daí, seu sossego acaba! Pois o rei não quer que ninguém saiba que existem vermelhos com poderes especiais. Ela se livra do alistamento do exército para se envolver em outra luta. Além desse, que segredos mais estes nobres escondem?
Não deixem de ler este livro! Você vai adorar!


Autor: Kristine Barnett 
Editora: ZAHAR
Ano: 2013
Páginas: 264
Gênero: Biografias, Memória
Resenha por: Leila
Nota:★★★ + 


Essa é a história extraordinária de uma mãe e seu filho gênio e autista. Jake tem QI mais alto que o de Einstein, uma prodigiosa memória fotográfica e aprendeu cálculo matemático sozinho em duas semanas. Com nove anos começou a desenvolver uma teoria original em astro-física - que, para os acadêmicos da área, um dia pode levá-lo ao prêmio Nobel - e aos doze tornou-se pesquisador remunerado em física quântica na universidade. Diagnosticado como autista ainda bem pequeno, Jake tinha três anos quando disseram à sua mãe, Kristine, que ele nunca seria capaz de ler. Cercado de especialistas que concentravam esforços em desenvolver no menino habilidades práticas, Kristine notava que ele se isolava cada vez mais. Contra a opinião do marido e dos profissionais, ela decidiu seguir seus instintos: tirou Jake da educação especial e começou a prepará-lo sozinha para a escola convencional. Kristine mantinha uma creche na garagem de casa, e sua experiência lhe dizia que era preciso encontrar o "brilho" de Jake, sua chama de interesse e paixão. por que não focar no que ele podia fazer? E também investir naquilo que atraía sua atenção, como sombras se movendo na parede e estrelas no céu. Essa filosofia básica, somada à crença no poder de uma infância comum e na importância de brincar, foi decisiva para o sucesso - além da fé inesgotável na família, nos amigos e em sua comunidade. Brilhante trata do poder do amor e da coragem diante de obstáculos quase intransponíveis. Narrada pela própria Kristine de forma cativante e dramática, esta é uma belíssima história de superação que pode inspirar leitores de todos os tipos. 
Neste ano, minha turma tem um estudante com Síndrome de Asperger. Preocupada em atendê-lo melhor, fui pesquisar mais sobre essa síndrome. Foi quando uma colega me perguntou se já tinha lido "Brilhante". Disse que não e ela me emprestou o livro.
A narração é feita pela Kristine, mãe de Jake, que após ter sido diagnosticado com autismo, recebeu "profecias" que o menino não poderia aprender muita coisa, que não aprenderia a escrever e que deveriam cercá-lo de profissionais que o "treinassem" para que fosse capaz de realizar, pelo menos, pequenas tarefas importantes do nosso dia a dia. Para Kristine era difícil entender "por que tratam sempre do que essas crianças não conseguem fazer? Por que ninguém olha mais de perto o que elas conseguem fazer?" 
Então, corajosamente, ao perceber que Jake estava se fechando cada vez mais, Kristine abandonou o trabalho com os especialistas e, mesmo sem o consentimento do marido, decidiu que ela mesma iria preparar seu filho para frequentar uma escola normal e não uma especial. Percebia que Jake precisava do contato com crianças saudáveis e que essa interação era importante para que ele não ficasse cada vez mais mudo e introspectivo. Percebia seu interesse pelas letras, carregava sempre consigo um alfabeto móvel, também era fascinado pelo movimento das sombras. E foi buscando seus interesses, que percebeu que ele estava lendo, que sua cabeça guardava ruas e mapas, funcionando como um GPS e que, ao frequentar a escola normal, ficou frustrado, novamente, pois o que era ensinado não lhe bastava. Queria mais. E Kristine o levou a um planetário, a um observatório e daí para a universidade, foi um processo muito rápido. Com 12 anos já era pesquisador remunerado em física quântica, na universidade. Jake tinha um QI muito alto, uma memória incrível e aprendia e gravava tudo muito rápido.
Esse livro me fez parar para repensar a educação. Acabamos generalizando e massificando os conteúdos e o ensino. Muitas vezes, não percebemos os interesses, os dons, as habilidades de cada estudante. Não oportunizamos que reconheçam e desenvolvam seu talentos. Muitos pensam que estão incluindo a todos, por agregar os estudantes num mesmo espaço, quando apenas estão buscando integrá-los e, na verdade, excluindo-os. Por isso, recomendo sua leitura, para refletir e estudar.
E para finalizar, deixo a reflexão do grande desafio da educação: sabemos que cada um é diferente, mas fazemos tudo igual e esperamos o mesmo resultado de todos.