Um dos assuntos que tratamos no primeiro semestre, durante as aulas de informática, foi o fim do livro de papel. E fazendo uma arrumação no meu quarto, achei uma folha com este texto. Eu o li e achei intrigante. Até mais ou menos o 3º paragrafo, eu estava concordando com tudo e praticamente correndo para poder postar, mas depois disso acabei discordando de tudo.
Acho que sim, haverão pessoas mudando para o livro eletrônico, porém, também acho que a maioria dos leitores fieis continuaram com seus livros impressos, afinal, são como filhos para um verdadeiro leitor. Não existe nada mais prazeroso que folear cada página depois de terminar uma leitura e sentir o cheiro das palavras recém lidas.  

"Há 10 anos, pelo menos. Quando a internet começou a crescer para valer, ficou claro que ela passaria uma borracha na história do papel impresso e começaria outra. Óbvio: os 7 milhões de volumes que a Universidade de Cambridge mantém hoje nos 150 quilômetros de prateleiras de suas várias bibliotecas caberiam em 4 discos rígidos de 500 gigabytes. Só 4. Sem falar que ninguém precisaria ir até Cambridge para ler os livros.
Mas aconteceu justamente o que ninguém esperada: nada. A internet nunca arranhou o prestígio nem as vendas dos livros. Muito pelo contrário. O 2º negócio online que mais deu certo (depois do Google) é uma livraria, a Amazon. Se um extraterrestre pousasse na Terra hoje, acharia que nada disso faz sentido. Por que o livro não morreu? Como uma plataforma que, se comparada à internet, é tão arcaica quanto folhas de pergaminho ou tábuas de argila continua firme? 


Você sabe por que. Ler um livro inteiro no computador é insuportável. A melhor tecnologia para uma leitura profunda e demorada continua sendo tinta preta em papel branco. Tudo embalado num pacote portátil e fácil de manusear. Isso sem falar em outro ingrediente: quem gosta de ler sente um afeto físico pelos livros. Curte tocar neles, sentir o fluxo das páginas, exibir a estante cheia. Uma relação de fetiche. Amor até.
Mas esse amor só dura porque ainda não apareceu nada melhor que um livro para a atividade de ler um livro. Se aparecer...
Se aparecer, não: quando aparecer. Depois do cd, que já morreu, e do DVD, que está respirando com a ajuda de aparelhos, o livro é o próximo da lista.
Há 3 anos, apareceu  primeiro livro eletrônico realmente viável, o Kindle, da Amazon. Você compra um aparelho e aí pode baixar qualquer livro em um catálogo de 20 mil títulos (quase todos em inglês). Com a vantagem de que pode fazer isso em qualquer lugar, pela rede 3G. E de que cabem 1500 abras no bichinho de 400 gramas. Assim, de cara, ele até parece estranho, com sua tela monocromática e pequena (6 polegadas). Mas a primeira vez com ele você nunca esquece. E você corre o risco de se apaixonada. O segredo desse poder de sedução é a tela do Kindle. Por causa do seguinte: ler por horas num LCD comum não é diferente de ficar olhando para lâmpada. Uma hora seus olhos pedem arrego. Mas com a o Kindle não. Ele não emite luz. A tele é deita de tinta de verdade - preta para as letras, branca para o fundo. E a leitura flui como se a tela fosse de papel. Ou quase: a tinta eletrônica demora a se reposicionar quando você vira a página. E virar a página é um eufemismo, na verdade. Ao contrário de um livro comum, elas não são sensíveis. Mas, em janeiro, veio o iPad, da Apple. Com uma proposta ambiciosa: aposentar o Kindle e virar iPod dos livros eletrônicos. À primeira vista, ele cumpre a promessa. Tudo que o Kindle tem de péssimo esse iPhone de Itu tem de ótimo: tela enorme, colorida, páginas que você vira com os dedos, sem botão, como se estivesse com um livro normal. Mas não. O iPad tem uma falha de nascença: a tela é de LCD. Não dá para ler um romance inteiro ali. Seus olhos vão implorar para que você largue o iPad e tente um livro de verdade. Fim de papo.
E começo de conversa séria: dezenas de empresas estão trabalhando justamente para unir o que os dois têm de bom.A Philips, por exemplo, desenvolve um protótipo, o Liquavista, com tela de tinta. Mas colorida. Outra, a Pixel Qi, está fazendo um livro eletrônico com um LCD sensível ao toque. Mas que não emite luz (!). A E-Ink, que faz a tela do Kindle, também quebra a cabeça. E sempre tem a Appel... Ou seja: uma hora o livro eletrônico ideal chega. E quando isso acontecer, sua estante de livros vai virar algo anacrônico quando aquela caixa de sapato cheia de fitas cassete. Aquela mesma, que você tinha guardada. E que acabou sumindo."

Fonte: Revista Superinteressante, Março 2010 - Editora Abril


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