Hoje tivemos o privilégio de visitar a Praça Vinicius de Moraes, em Salvador e vamos dividir com vocês algumas de suas produções, para seu deleite.
Marcus Vinicius de Cruz e Mello Moraes nasceu em 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro. Aos nove anos alterou seu nome para Vinicius de Moraes.
Bacharelou-se em letras e direito em 1943, foi aprovado pelo Itamaraty como diplomata, sendo Consul  do Brasil em Los Angeles e delegado junto a UNESCO, em Paris e Montevideo.
Aos 18 anos iniciou-se como poeta, publicando: O caminho para a distância; Forma e exegese; Ariana; A mulher; Novos poemas; Antologia poética; Pátria minha; Novos poemas II; Livros e sonetos; Para viver um grande amor.
Em 1953, escreveu o drama Orfeu da Conceição filmado em 1959, com o título de Orfeu negro,ganhou a palma de ouro no festival de cannes e o Oscar da academia de Hollywood.
Nos anos 50, estreou na música popular brasileira, em parceria com João Gilberto, Badem Powell, Tom Jobim, Antônio Maria, Carlos Lyra, Edu Lobo, Chico Buarque e Toquinho. Escreveu canções que povoaram repertórios de cantores nacionais e internacionais venceu festivais e concursos, conquistando inúmeros títulos, inclusive o de "pai da bossa nova".
Em 1969, casou-se com a atriz baiana Gessy Gesse, mudando-se em 1974 para a casa que construíram no bairro de Itapuãn, em Salvador. Faleceu em 9 de julho de 1980, no Rio de Janeiro. 




  • Soneto de Fidelidade


                              Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.



  • Tarde em Tapuã


                              Vinicius de Moraes/ Toquinho


Um velho calção de banho
Um dia prá vadiar
O mar que não tem tamanho
E um arco-íris no ar
Depois, na Praça Caymmi
Sentir preguiça no corpo
E numa esteira de vime
Beber uma água de côco
É bom!
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Enquanto o mar inaugura
Um verde novinho em folha
Argumentar com doçura
Com uma cachaça de rolha
E com olhar esquecido
No encontro de céu e mar
Bem devagar ir sentindo
A terra toda rodar
É bom!
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
E o diz-que-diz-que macio
Que brota dos coqueirais
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã
Dormir nos braços morenos
Da lua de Itapuã
É bom!
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã
  • Garota de Ipanema

                          Vinicius de Moraes/ Tom Jobim
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor


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