Resenha: Para Alice, com amor

Nhê porã tenundé é a expressão utilizada pelas tribos guaranis sobre o ensinar: "dizer as coisas com falas formosas". Acreditam que assim os ensinamentos sobre o mundo, sobre a vida, serão aprendidos mais facilmente. José Pacheco, embora não seja um guarani, utilizou falas formosas para escrever o livro Para Alice, com amor e refletir sobre Educação. Seu compromisso com uma escola de todos e para todos levou o autor a escrever "cartinhas" que podem ser lidas como histórias de um avô para sua netinha e como um alerta aos educadores comprometidos.

Para Alice com amor é uma bela obra de José Pacheco, o Zé, como ele prefere ser chamado. O gênero, apresentado acima, é "infanto-juvenil", pois é assim que as livrarias o classificam, mas considero que sua leitura não é só indicada, mas é indispensável a todos professores(as) ou futuros(as) educadores(as) de todo o mundo!
O Zé não acreditava na eficácia do modelo de Escola que conhecemos: estudantes agrupados por faixa etária formando uma turma por série, com um tempo para aprender igual para todos, com o professor decidindo sozinho quando e o quê avaliar, aplicando a mesma avaliação para todos, como forma de classificação ou promoção, onde repetições são consideradas normais e quem não acompanha o ritmo, acaba ficando para trás... Então ele rompe com este modelo e para surpresa de muitos, sua Escola começa a obter excelentes resultados. 
No livro, escreve para sua neta Alice, que vai ingressar na Escola, como era esta Escola "tradicional", aquela que conhecemos e estamos tão habituados, que achamos que é "certa"ou "normal"... Traz reflexões muito pertinentes a todos(as) educadores(as) comprometidos(as). Escreve por meio de metáforas, como uma história de conto de fadas, descrevendo como os pássaros aprendiam a cantar e a voar...
Um livro para aprender a desaprender, pois só assim poderemos aprender mais... Um livro para pensar, refletir e desconfiar de nossas certezas... Um livro para romper paradigmas...